Em uma carta aberta, os médicos do Hospital da Ilha, em São Luís, mais uma vez manifestam seu descontentamento com as condições de trabalho e apontam a falta de compromisso da gestão pública. O Hospital, inaugurado em abril de 2022 com o objetivo de ser referência e agilidade nas demandas da sociedade, está agora no centro de graves denúncias.
Os profissionais alegam que os pagamentos estão atrasados há mais de 90 dias e que não há previsão definida para o acerto das pendências. Além disso, relatam que os valores de plantão dos médicos das UTIs, setores que demandam alta complexidade e cuidado contínuo de pacientes gravíssimos, são inferiores aos repassados às UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) e demais UTIs de referência do Estado do Maranhão.
As denúncias não param por aí. Os médicos citam condições precárias e insalubres na estrutura do hospital, como a utilização de colchões para os funcionários no chão. Há também relatos de falta de materiais e insumos básicos para trabalho, como papel e tinta para impressora.
A situação torna-se ainda mais crítica quando, apesar das condições adversas, os profissionais buscam exercer suas atividades com excelência, atendendo aqueles que mais precisam. Eles investem seu tempo e recursos próprios em cursos de atualização, muitas vezes agindo além de suas obrigações para promover o restabelecimento de pessoas doentes.
Diante do cenário, os médicos cobram soluções e alertam que, na falta de melhorias, é possível que ocorra um pedido de demissão em massa nos próximos dias.
Essa carta aberta, divulgada para a população, deixa claro o descontentamento dos profissionais e a falta de compromisso da Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão e da EMSERH, levantando sérias questões sobre o futuro da saúde pública na região.
Confira a carta completa na íntegra:
São Luís, 31 de julho de 2023.
Prezados comunicadores,
A classe de médicos plantonistas das UTIs adulto do Hospital da Ilha vem, através de seus veículos de comunicação e informação à sociedade, expressar nossa profunda indignação com a falta de compromisso com a classe.
O Hospital da Ilha, inaugurado em Abril de 2022, veio com o propósito de ser referência e agilidade nas demandas da sociedade. No entanto, deparamo-nos com a falta de compromisso:
Pagamentos atrasados há tempo superior a 90 dias;
Não há previsão definida de datas para o pagamento;
Valores de plantão dos médicos das UTIs, que demandam alta complexidade e cuidado contínuo de pacientes gravíssimos, estão abaixo do valor repassado às UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) e inferior ao das demais UTIs de referência do Estado do Maranhão.
Condições precárias e insalubres nas estruturas do Hospital, como a utilização de colchão para médicos e outros funcionários alojados ao chão;
Falta de materiais e insumos básicos para o trabalho, como papel e tinta para impressora.
Esses são alguns dos problemas já relatados e comunicados aos superiores do referido Hospital.
Desejamos e nos esforçamos de todas as formas para exercer nossa profissão com excelência. Atendemos aqueles que mais precisam e, para isso, investimos nosso tempo, fazemos cursos de atualização (realizados com recursos próprios) e muitas vezes agimos além de nossas obrigações para promover o restabelecimento de pessoas doentes.
Diante das condições atuais, grande parte dos médicos têm cobrado soluções e, na falta delas, é possível que peçam demissão em massa nos próximos dias.
Por meio deste documento, divulgamos a situação à população, para que esteja ciente da falta de compromisso da gestão pública por parte da Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão e da EMSERH.
Atenciosamente,
Médicos Plantonistas da UTI Geral e UTI Cirúrgica do Hospital da Ilha.
Confira a nota da Secretaria de Estado da Saúde (SES):
A Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio da Empresa Maranhense de Serviços Hospitalares (Emserh), informa que as denúncias não procedem, que os pagamentos estão sendo realizados dentro do previsto e os insumos estão de acordo com a demanda.
Governo das obras inúteis. Governo da doença. Governo do calote. Pão e circo. Nem de comunismo podemos classificar isso.