A enfermeira Karinna Leite, de 27 anos, moradora de São Luís, decidiu transformar sua experiência pessoal em um alerta sobre os riscos do uso de cigarros eletrônicos, conhecidos como vapes.
Karinna relata que começou a utilizar o dispositivo diariamente por seis meses, especialmente como uma válvula de escape para crises de ansiedade. “Chegava do trabalho já louca para fumar, e isso foi passando, até que, após uma viagem, comecei a sentir dor no ouvido e febre. Na manhã seguinte, apresentei dor na costela, fui direto para a UPA e fiquei na ala vermelha”, contou.

Ela afirma que, ao examinar seus pulmões, os médicos constataram que estavam funcionando apenas 20% e que seus leucócitos estavam em 43 mil. Karinna foi levada às pressas para o Hospital Dr. Carlos Macieira, onde precisou ser intubada por sete dias. O diagnóstico foi pneumonia bacteriana provocada pelo uso de vape, acompanhada de sepse e comprometimento renal. “Foi um milagre eu voltar. Até os médicos não acreditaram”, disse.
Karinna também afirmou que ainda sofre sequelas em função da sedação e dos antibióticos utilizados durante o tratamento.
No Brasil, o uso de cigarros eletrônicos é proibido desde 2009, e a proibição foi reafirmada em 2024 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Apesar disso, o consumo tem crescido no país, chegando a quase 3 milhões de usuários entre 18 e 64 anos. Pesquisas indicam que o número de consumidores desses dispositivos aumentou 600% nos últimos seis anos.
Desde 2023, tramita no Senado Federal um projeto de lei da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) que propõe regulamentar a venda e importação de vapes no Brasil, o que poderia alterar a legislação vigente.