Uma ação popular que está sendo movida pode manter ou alterar o nome do Hospital Nina Rodrigues, que fica no Monte Castelo, em São Luís.
Segundo a ação, o médico homenageado, o psiquiatra Raimundo Nina Rodrigues, seria defensor de teorias racistas e eugenistas, que criminalizariam e marginalizariam grupos em situação de risco social, como a população negra e indígena.
A Academia Maranhense de Letras (AML) manifestou-se em carta contra a possível mudança do nome. Rodrigues é respeitável cientista e fundador da antropologia criminal no Brasil. Patrono da Cadeira nº 3 da AML, tem mais de 60 publicações, como médico, dedicou-se por longo tempo ao trabalho clínico em favor das populações mais vulneráveis, diz a carta.
Manifesto pela permanência do nome do HOSPITAL NINA RODRIGUES
Sobre rumores de uma eventual mudança de nome do Hospital Nina Rodrigues, de São Luís (MA), a despeito de acusações de racismo do escritor, professor, antropólogo, psiquiatra, etnólogo e médico legista Nina Rodrigues, a Academia Maranhense de Letras (AML) manifesta-se com os seguintes argumentos:
Pela história, pelos estudos e pesquisas empreendidos ao longo de anos, como respeitável cientista e fundador da antropologia criminal no Brasil, nada apaga a incomensurável contribuição do escritor maranhense, patrono da Cadeira nº 3 da AML, à ciência e a diferentes áreas do conhecimento.
Nina Rodrigues teve seu trabalho reconhecido no Maranhão e em outros estados do País, como a Bahia, onde também é patrono da Cadeira nº 39 da Academia de Medicina.
Na condição de escritor e cientista, Nina Rodrigues deixou importantes obras como legado, em mais de 60 publicações, a exemplo de Regime alimentar no Norte do Brasil (1881), A Morféia em Andajatuba (1886) e O alienado no Direito Civil brasileiro (1901), e inscreveu seu nome na história da imprensa do Maranhão, da Bahia e de periódicos internacionais.
Como médico, dedicou-se por longo tempo ao trabalho clínico em favor das populações mais vulneráveis, o que lhe rendeu o epíteto de “Doutor dos Pobres”.
A pretexto de um revisionismo histórico, negar a obra e o trabalho do maranhense Nina Rodrigues é apagar da memória do Brasil todo o estudo a que ele se dedicou em vida. Por tudo isso, a Academia Maranhense de Letras manifesta-se contra qualquer tentativa de mudança do nome do Hospital Nina Rodrigues e ratifica o indeclinável respeito às lutas legítimas e reais de combate ao racismo e às injustiças sociais.
São Luís (MA), 27 de fevereiro de 2025.
LOURIVAL DE JESUS SEREJO SOUSA
Presidente